Haviam versos ao contrário. Mudaram a ordem de minhas palavras e fizeram de mim o que não sou. Aqueles olhos agudos de vigia disseram-me que seria minha salvação. Meu evangélico redentor. Escrevi sem parar com a cabeça baixa, com medo de seu sorriso de chumbo.
Mudaram os contatos, os brancos e os pretos, os lugares comuns. As putas liam o evangelho, e os padres blasfemavam na porta da igreja. Meu desejo era estar alucinado, mas eu não sabia. O caldo que me davam todas as tardes como alimento não supria minhas necessidades. Somente as folhas que me obrigavam a escrever seriam minha paz.
Esforcei-me em vão. Entreguei minha alma ao diabo sem perceber o peso da negociação. Tenho mãos doloridas e sujas de tanto escrever, mas sem alma dentro delas. Não há mais o que contar. Dentro de mim há uma tempestade. Lá fora há sol e morro de frio.
Mudaram os contatos, os brancos e os pretos, os lugares comuns. As putas liam o evangelho, e os padres blasfemavam na porta da igreja. Meu desejo era estar alucinado, mas eu não sabia. O caldo que me davam todas as tardes como alimento não supria minhas necessidades. Somente as folhas que me obrigavam a escrever seriam minha paz.
Esforcei-me em vão. Entreguei minha alma ao diabo sem perceber o peso da negociação. Tenho mãos doloridas e sujas de tanto escrever, mas sem alma dentro delas. Não há mais o que contar. Dentro de mim há uma tempestade. Lá fora há sol e morro de frio.
Novembro de 2009
2 comentários:
parece um texto de despedida.
muito bom, ahhh você é incrível mesmo.
Me identifiquei com esse texto... Que estranho.
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