domingo, 7 de fevereiro de 2010

Acorrentado




Meu desejo é me tornar um homem reservado. E por essas palavras, entendam alguém cercado por muralhas. Um homem aberto como uma campina aguarda muitos inimigos. E após imensas batalhas, só há o desejo de retornamos as nossas colinas.

Há tantas palavras no silêncio quanto no ruído de onde estive. Mas este silêncio que aprecio sozinho não me machuca, me completa. Não me contradiz causando-me uma gota de ódio.

Quero regressar para dentro de mim. Voltar para meu útero. Tanto tempo se passou, muito desse perdido, em que constei, sem nenhum relógio, que nada mudou. Estou o mesmo homem de outrora e nada que venha para mim, se não meu exílio, me trará conforto.

Um canto de esperança seria somente mais alguns versos que tentaram manter no ar a incerteza de que, no fim, tudo aquilo que virá vira veneno. É disso que pretendo abdicar.

Cego-me como Édipo e prendo-me na parede como Antígona. Que os deuses possam caçoar de mim. Meu martírio é viver eternamente arranhando essas muralhas até que eu consiga libertar-me de mim.

Um comentário:

@racheIz disse...

Pô! Arrepiei!